domingo, 7 de agosto de 2016

Estilística - Figuras de Linguagem, de Pensamento e de Sintaxe

Parte da gramática que se preocupa com o estilo. Nela, a linguagem pode ser usada para fins estéticos, conferindo à palavra dados emotivos.

Figura de Linguagem: são recursos linguísticos usados para dar maior expressividade ao que escrevemos.

Comparação: Estabelece entre dois seres ou fatos uma relação de semelhança/comparação. Geralmente estarão presentes vocábulos que estabelecem essa comparação como: semelhante a, como, igual a, que nem. Exemplo:

"Eu sou nuvem passageira
Que como o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai"


Metáfora (sinédoque): É o emprego de uma palavra com sentido diferente do seu sentido usual, baseado em uma comparação implícita (subentendida) entre os dois elementos. Exemplo:

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões


Metonímia: A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Exemplos:

Eu leio Drummond
Thomas Édison iluminou o mundo

Na verdade, você não lê Drummond, você lê um livro de Drummond. Portanto, a metonímia ocorre quando a gente troca:
O autor pela obra: Leio Machado de Assis. (o livro)
A causa pelo efeito: Vivo do meu trabalho. (do dinheiro)
O inventor pelo invento: Comprarei um Wolksvagem. (um carro)
O contrato pelo abstrato: Ele tem ótima cabeça. (inteligência)
O indivíduo pela classe: Ele é o salvador da Pátria. 
Parte pelo todo: Comprei duas cabeças de gado. (duas vacas)
O gênero pela espécie: A estação das flores. (primavera)
O singular pelo plural: As chuvas chegaram. 


Personificação (prosopopeia): atribui ações ou qualidades de seres animados a seres inanimados, ou características humanas a seres não humanos. Exemplos:

O rio caminha para o sul.
A caneta escrevia tudo.


Antítese: É a utilização de duas palavras com sentidos opostos na mesma frase. Exemplos:

Viver e morrer estão na agenda de qualquer ser humano.
A alegria e a tristeza são praticamente uma escolha.


Hibérbole: Consiste e em expressar uma ideia com exagero. Exemplos:

Já te falei mil vezes que não irei.
Faz umas dez horas que ela está no banho.
A saia está tão curta que você ficará pelada.



Eufemismo: Busca suavizar uma expressão através de termos mais agradáveis. Exemplos:

Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou)
O vizinho passou dessa para melhor. (morreu)
A criança vivia de caridade pública. (esmola)


Ironia: Consiste em expressar ideias com significado oposto ao que se realmente pensa ou acredita. Exemplos:
"A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças" (Monteiro Lobato)
Qual foi o inteligente que deixou o frango no forno 2h.


Gradação: Consiste em dispor as ideias em ordem crescente ou decrescente. Exemplos:
"... em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada." G. de Matos
"O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se." Padre Antônio Vieira



Elipse: Ocorre quando alguns elementos são omitidos sem ocasionar a perda de sentido, uma vez que as palavras ficam subentendidas através do contexto.
Exemplos:
1- João está passando mal! Rápido, uma ambulância!
João está passando mal! Rápido chamem uma ambulância!
2- Se chegar depois das oito, tudo fechado: as mercadorias dentro do bar...
Se você chegar depois das oito horas tudo estará fechado: as mercadorias estarão dentro do bar...


Pleonasmo: É a repetição de palavras por meio de outras palavras. É usado de forma poética, mas quando nós, meros seres humanos, usamos essa repetição dá-se o nome de redundância. Exemplo:

"...Chovia uma triste chuva de resignação..." Manoel Bandeira
"...E ali dançaram tanta dança..." Chico Buarque


Polissíndeto: (poli = vários e síndeto = conjunção, portanto várias conjunções) Consiste na repetição de conjunções para garantir um texto mais expressivo. Exemplo:

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
índios e padres e bichas, negros e mulheres
e adolescentes fazem o carnaval
(Podres Poderes - Caetano Veloso)


Onomatopeia: É o uso de palavras que reproduzem os sons de seres vivos e objetos. Exemplo:

"E era tudo silêncio na saleta de costura; não se 
ouvia mais que um o plic-plic-plic-plic da agulha no pano."
(Machado de Assis)


Anáfora: Consiste na repetição da mesma palavra no início de várias orações, períodos ou versos. Exemplo:

Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade
Vinícius de Moraes


Aliteração: É a repetição de consoantes em uma sequência de palavras. Exemplo:

"...Vozes veladas, veludosas vozes, 
Volúpias dos violões, vozes veladas, 
Vagam nos velhos vórtices velozes 
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. 


Assonância: Consiste na repetição de sons vocálicos com a intenção de provocar um efeito de estilo. Exemplo:

"Essa desmesura de paixão
É loucura do coração
Minha foz do Iguaçu
Polo sul, meu azul
Luz do sentimento nu"
Djavan


Catacrese: Trara-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
Exemplos:

"asa da xícara"                "batata da perna"
"maça do rosto"              " da mesa"
"braço da cadeira"          "coroa do abacaxi"


Perífrase: Trata-se de uma expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. Exemplo:

A Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.

Obs: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia. Exemplos:
O Divino Mestre (Jesus Cristo) passou a vida praticando o bem.
O Poeta dos Escravos (Castro Alves) morreu muito jovem.


Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplos:

Um grito áspero revelava tudo o que sentia (grito = auditivo; áspero = tátil)
Um silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; negro = visual)


Paradoxo: Consiste numa proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias contraditórias. Veja o exemplo:

Na reunião, o funcionário afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades econômicas.


Apóstrofe: Consiste na "invocação" de alguém ou de alguma coisa personificada, de acordo com o objetivo do discurso que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Exemplos:

Moça, que fazes aí parada?
Pai Nosso, que estais no céu...


Anacoluto: Consiste na mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos desligados do resto do período. Exemplo:

Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.

A expressão "esses alunos da escola" deveria exercer a função de sufeito. No entanto, há uma interrupção da frase e essa expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é chamado de "frase quebrada", pois corresponde a uma interrupção na sequência lógica do pensamento. Exemplos:

O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo Castelo Branco)


Hipérbato/Inversão: É  inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da oração. Exemplos:

São como cristais as palavras. (Na ordem direta: As palavras são como cristais)
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta: Eu cuido dos meus problemas)
















Referência:
Vídeo aulas do Prof. Fábio Alves - Youtube
Só Português - www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.php

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